domingo, 11 de junho de 2017

Impacto das IFRS no dia a dia das empresas de Mineração

Enquanto o IASB (International Accounting Standard Board), órgão responsável por desenvolver as normas contábeis internacionais, analisa e discute a contabilização referente às atividades extrativas, a indústria de Mineração no Brasil precisa se preparar para a implantação e estar atentas às alterações que estão por vir e as implicações que o processo de convergência global aos padrões internacionais terão no dia a dia das companhias. Neste segmento, a IFRS 6 é a norma mais importante aplicável às empresas desse tipo. Ela chegará alterada ao Brasil por meio do CPC 34 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), que diz respeito à exploração e avaliação de recursos minerais, cuja emissão aguarda posicionamento do IASB.

Uma das principais alterações que deverá ocorrer nas empresas está relacionada ao processo de trabalho implantado por elas internamente. Para não serem pegas de surpresa, elas precisam rever suas rotinas e processos, privilegiando o levantamento das informações contábeis para buscar harmonizar aspectos importantes relacionados às demonstrações financeiras.

“Sem dúvida, haverá dificuldades. Mesmo assim, há consenso de que os resultados dessa convergência devem beneficiar as companhias. Mais transparência e comparabilidade tendem a privilegiar empresas com boa gestão e boas práticas de governança corporativa, o que contribui para aprimorar o setor de mineração”, explicou Ulysses Magalhães, sócio e um dos membros do Centro de Excelência em Mineração da KPMG no Brasil.

Como as atividades extrativas estão excluídas do escopo de muitos e importantes pronunciamentos contábeis e, portanto não possuem uma diretriz específica, elas ficam sujeitas a uma diversidade de práticas contábeis.

“Isso acaba resultando em um elevado nível de subjetividade na divulgação e apresentação das informações pelas empresas, o que pode gerar problemas no futuro, porque os saldos e transações apresentados podem provocar distorções na comparação entre as empresas”, afirmou Magalhães.

Além da IFRS 6, outras diretrizes abrangentes, como as obrigações para desmobilização de ativos, também devem impactar a forma como as empresas avaliam e registram seus ativos e passivos nas demonstrações financeiras. Outro tema em discussão no IASB diz respeito às divulgações envolvendo as reservas e recursos das mineradoras e o tratamento contábil dos custos de escavação, denominados na indústria como stripping costs.

“As quantidades e qualidade das reservas e recursos minerais sob o controle das empresas são consideradas pelo mercado como as informações mais relevantes dessa indústria, servindo como principal indicador para a tomada de decisões de investimentos, fornecimentos e empréstimos”, explicou o sócio.
Em relação aos custos de escavação, as discussões em andamento giram em torno de sua capitalização versus o reconhecimento ao resultado do período, em decorrência da visão que determinados custos de escavação beneficiarão períodos futuros.

Setor de Mineração no Brasil:

À Titulo de Informação e Conhecimentos:

Depois de sofrer com a crise econômica do final de 2008, o setor de mineração apresenta uma forte recuperação. Essa expansão das atividades continua sendo puxada pela demanda chinesa. Mas os países em desenvolvimento – principalmente Brasil, África do Sul e Rússia – também começam a demonstrar mais força, tanto pelo ritmo de crescimento econômico como pelas reservas minerais proporcionadas pela vasta extensão territorial, mesmo diante dos ruídos causados pela atual crise internacional.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o Brasil fechou 2010 com uma produção de US$ 40 bilhões em minérios, um crescimento de 67% em relação a 2009. A produção mineral respondeu por 17,5% da balança brasileira de exportações, alcançando um superávit comercial de US$ 28 bilhões. O país é o maior produtor mundial de nióbio, o segundo em produção de minério de ferro e manganês e o terceiro em bauxita.
O Ibram revisou a projeção de investimentos no setor mineral brasileiro para o período de 2011-2015 de US$ 64,8 bilhões para US$ 68,5 bilhões, incluindo novos investimentos e expansões. Aliada à expectativa de demanda crescente nos próximos anos e impulsionada pelos investimentos em infraestrutura associados à Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, tem se observado um movimento de investimentos do setor siderúrgico na área de mineração, mediante aumento de capacidade produtiva mineral e aquisições nesse segmento, com os objetivos de diminuir a dependência no fornecimento de matéria-prima e a sensitividade às variações nos preços das commodities, bem como, buscando a redução de custos mediante a integração da cadeia produtiva.

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